4 de novembro de 2008
O outro lado da ausência
O que dizer de mim, senão de ti?
Horas vagas, chuva fina na janela, a penumbra do teu eu esquecida na cortina...
O dia foi longo, teve uns onze ou vinte anos mais ou menos, mais longo ainda este sentimento, esta mistura de saudade e revolta, um longo e nunca adeus!
Teus passos ficaram marcados na poeira barrenta da estrada, o portão ainda está aberto, rangendo, esperando tua volta.
O fim do caminho? Incerto e impreciso, nem sei se ele existe!
A tarde morreu com chuva, frio cortante, mais forte ainda está tua lembrança constante, tua ausência presente no meu viver morto e cremado.
O fim não existe, porque tudo é meio... meio do nada, meio da sombra, meio de ti...
O soluço não calou e a voz grita forte e cala tristonha num anseio louco que rasga as entranhas e arrebenta com nosso existir. Não basta ser pequeno se a transparência obscura não reflete a luz já tão apagada!
Seguir pra onde, mesmo? Ah, sim! Têm vozes no deserto, a água que jorra é teu sonho adormecido no meu íntimo sedento de além.
Há luzes, ruídos, toques macios que rompem o silêncio do alvorecer e a solidão da multidão tumultuada da minha inconstância sangrenta e marcada de vários ontontes.
São milhares de seres num gesto magnífico de amargura e desolação em meio um mundo frenético, ensolarado e insalubre, de quê? Das tuas idas e vindas ou quem sabe, da tua partida que nunca se consumou?
Vários segredos estranhos guardados em um baú arrombado, vazio e quente, escuro até doer a alma, o qual transpira a curiosidade e as lendas nunca vividas no âmago do pensamento.
Flora Flávia de Freitas
Socióloga
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