28 de março de 2010

ARTIGO DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO, QUE ASSINO EMBAIXO, CONVICTA DE ESTAR CERTA!


A FALÊNCIA MORAL DO BBB




Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores )





Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB),produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (está indo longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.


Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. 


Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. 


Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. 


O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE.

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.


Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do“zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).


Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.


Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da
ética e da dignidade.


Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos
exemplos de heróis?


Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.


Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia.


Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.


Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.


O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino
de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. 


São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz
que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!


Veja o que está por de tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.


Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores )


Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

24 de março de 2010

João Cabral de Melo Neto, o escritor que soube desenhar em versos cálidos a saga do retirante nordestino.





"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina." (Morte e Vida Severina)

             
Por Armando Nogueira Júnior


João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na Rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.

Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935.

Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do Estado. Já com 18 anos, começa a freqüentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra. 

Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.
1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro. Convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Freqüenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.

O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.

É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. 

Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio freqüenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.

Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas.Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. Escreve o livro O rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). 

É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.

Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.

Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.

Em 1958 é removido para o Consulado Geral em Marselha. Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois parlamentos.

Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é removido outra vez para a embaixada em Madri. A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.

Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é removido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.

Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A educação pela pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.

1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias completas. É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembléia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6, sendo recebido por José Américo de Almeida. A Companhia Paulo Autran encena Morte e vida severina em diversas cidades do Brasil. É removido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.

Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.

Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.

Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A escola das facas.

A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã-Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.

No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica. 

Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.
Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A indesejada das gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.
Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É removido para o Rio de Janeiro.

Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de tudo e depois. Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.
Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha andando. É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes, a medalha Carneiro Vilela. Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luis de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.

Outros prêmios: Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.

Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.

João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade. 

Transcrevemos abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 09/10/99:

"Adeus a João Cabral"
"Severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva."
Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.
Aqui está o poeta João Cabral de Melo Neto, presente pela última vez na Academia Brasileira de Letras, de que foi, por 30 anos, uma das figuras fundamentais. Aos 79 anos, apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.

A nossa dor, que é também a da sua companheira Marly de Oliveira e dos seus filhos e demais parentes, não apaga da nossa memória a convicção de que foi ele um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos - o poeta da razão - que jamais esqueceu, mesmo nos 40 anos de vida diplomática, as suas raízes pernambucanas. O homem que soube desenhar em versos cálidos a saga do retirante nordestino, quando ainda não havia passado dos 35 anos de idade.
João Cabral, o poeta João, que não se conformava em perfumar a flor, é o mesmo que escreveu aos 22 anos o livro Pedra do Sono, para depois nos brindar, entre outros, com O engenheiro, O cão sem plumas, Poesias completas, A educação pela pedra e o antológico Morte e Vida Severina, com versões no teatro e na mídia eletrônica.
Fecham-se os olhos cansados do poeta João e não conseguimos realizar o sonho que agora desvendo: ver o América Futebol Clube voltar aos seus dias de glória. Nem o daqui do Rio, nem aquele que era a sua verdadeira paixão: o América do Recife.

Quando preparava com ele a Cabraliana, que foi o seu primeiro audiolivro, ouvi fantásticas histórias da vida diplomática, especialmente dos tempos de Portugal, Espanha e Marrocos, além de nele reconhecer um orgulho especial pela família, parente que foi de grandes escritores brasileiros, como Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Mauro Mota e Antônio de Moraes e Silva, o famoso Moraes do Dicionário de Língua Portuguesa. Parece que era herdeiro, no seu jeito tão humilde e cativante, de uma genética literária originalíssima.
É compreensível a nossa consternação. Enquanto a saúde permitiu, honrou esta casa com a sua assiduidade e o seu sentimento da mais pura cordialidade. Sofrendo agora com o seu silêncio, curvamo-nos diante do grande poeta, para afirmar que a Academia sempre o terá presente, com a saudade e a admiração de todos os seus confrades.
Descanse em paz, poeta João. A sua presença jamais deixará de estar conosco. Teremos o consolo da sua poesia imortal."

Dados obtidos nos livros do autor, em "Obra Completa", organizada por Marly de Oliveira com assistência do autor e em sites da Internet.

Bibliografia


OBRAS DO AUTOR

POESIA

- Pedra do sono. Recife: Edição do autor, 1942 (tiragem especial em papel Drexler).


- Os três mal-amados. Rio de Janeiro: Revista do Brasil, 1943.


- O engenheiro. Rio de Janeiro: Amigos da Poesia, 1945.


- Psicologia da composição com a fábula de Anfion e Antiode. Barcelona: O livro inconsútil, 1947.


- O cão sem plumas. Barcelona:0 livro inconsútil, 1950. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984 (com Fotografias de Maureen Bisilliat).


- O rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à cidade do Recife. São Paulo: Edição da Comissão do IV Centenário de São Paulo, 1954.


- Dois parlamentos. Madri: Edição do autor, 1960.


- Quaderna. Lisboa: Guimarães Editores, 1960.


- A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966.


- Museu de tudo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1975.


- A escola das facas. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1980.


- Auto do frade. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1984; 2a. edição, Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 1984 (da 2a. edição foi feita uma tiragem de 100 exemplares em papel vergê).


- Agrestes. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1985 (tiragem especial em papel vergê).


- Crime na Calle Relator. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1987.


- Primeiros poemas. Rio de Janeiro: Edição da Faculdade de Letras da UFRJ, 1990.


- Sevilha andando. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1990.
POEMAS REUNIDOS


- Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Edição de Orfeu, 1954.


- Duas águas Rio de Janeiro: Editora José Olympio. 1956 (tiragem especial em papel Westerprin).


- Terceira feira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1961.


- Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Sabiá, 1968; 4a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1986.


- Poesia completa. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1986.


- Museu de tudo e depois (Poesia Completa II). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.

ANTOLOGIAS

- Poemas escolhidos. Seleção de Alexandre O'Neil. Lisboa: Portugália Editora, 1963.
- Antologia poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1965; 8a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1991.
- Morte e vida severina. São Paulo: Teatro da Universidade Católica, 1965.


- Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966; 6a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1974 (inclui O rio, Morte e vida severina e Dois parlamentos); 34a. edição, Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1994 (inclui O rio, Morte e vida severina, Dois parlamentos Auto do frade).


- Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Editora Sabiá 1969.


- O melhor da poesia brasileira (Drummond, Cabral, Bandeira, Vinicius). Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1979.


- João Cabral de Melo Neto. Seleção de José Fulaneti de Nadal. São Paulo: Abril Educação, 1982.


- Poesia crítica. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1982.


- Morte e vida severina. Litografias de Liliane Dardot. Recife: Grandes Moinhos do Brasil S/A, 1984.


- Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Recife: Moinho Recife, 1984 (fora do comércio).


- Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Seleção de Antonio Carlos Secchin. São Paulo: Global Editora, 1985.


- Poemas pernambucanos. Centro Cultural José Mariano. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 1988 (edição especial fora do comércio).


- Poemas sevilhanos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1992 (edição especial fora do comércio).

PROSA

- Considerações sobre o poeta dormindo. Recife: Renovação 1941.


- Joan Miró. Barcelona: Editions de l'Oc, 1950 (com gravuras originais de Miró).


- Joan Miró. Rio de Janeiro: Cadernos de Cultura do MEC, 1952.


- O Arquivo das Índias e o Brasil [pesquisa histórica]. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1966.


- Poesia e composição. Coimbra: Fenda Edições, 1982.
TRADUÇÕES
PARA O ALEMÃO
- Der Hund ohne Federn. Tradução de Willy Keller. Stuttgart: Rot, 1964.


- Ausgewählte Gedichte. Tradução de Curt Meyer-Clason. Frankfurt: Suhrkamp Verlag, 1968.


- Der Hund ohne Federn. Gedichte. Tradução de Curt Meyer-Clason. Hamburgo e Dusseldorf: Classen Verlag, 1970.


- Poesiealbum. Tradução de Curt Meyer-Clason. Berlim: Verlag Neues Leben, 1975.


- Tod und Leben des Severino. Tradução de Curt Meyer-Clason. Wuppertal: Peter Hammer Verlag, 1975.


- Tod und Leben des Severino. Tradução de Curt Meyer-Clason, St. Gallen/Wuppertal: Edition diá, 1985.


- Tod und Leben des Severino. Tradução de Curt Meyer-Clason. Munique/Zurìque: Piper, 1988.


- Der Weg des Monchs. Tradução de Curt Meyer-Clason. St. Gallen/Colônia: Edition diá, 1988.


- Erziehung durch den Stein. Tradução de Curt Meyer-Clason. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1989.


- Der Fluss (Das Triptychon des Capibaribe). Tradução de Curt Meyer-Clason. St Gallen: Edition diá, 1993.
PARA O ESPANHOL
- Seis poemas de "Serial". Tradução de Angel Crespo. Madri: Separata da Revista de Cultura Brazileña, 1962.


- Poemas sobre España de João Cabral de Melo Neto. Tradução de Angel Crespo e Pilar Gómez Bedate. Madri:Separata de Cuadernos Hispanoamericanos, 1964.


- Muerte y vida severina.Tradução de Angel Crespo e Gabino-Alejandro Carriedo. Madri: Primer Acto, 1966.


- Muerte y vida severina.Tradução de Angel Crespo e Gabino-Alejandro Carriedo. Lima: Instituto Nacional de Arte Dramatico, 1969.


- Antología poética. Seleção e tradução de Margarita Russotto. Caracas: Fundarte. 1979.


- Poemas. Tradução de Carlos Germán Belli. Lima: Centro de Estudos Brasileños, 1979.


- Dos parlamentos. Tradução de Gabino-Alejandro Carriedo, Madri: Poesia, 1980.


- La educación por la piedra.Tradução de Pablo del Barco. Madri: Edicion Visor, 1982.


- Muerte y vida severina. Auto del fraile. Tradução de Santiago Kovadloff. Buenos Aires: Edición Legasa, 1988.


- Antología poética. Tradução de Angel Crespo. Barcelona: Editorial Lumen, 1990.

PARA O ITALIANO

- Morte e vita severina (inclui Il cane senza plume e Il fiume). Torino: Giulio Einaudi Editore, 1973.


- Museo di tutto. Tradução de Adelina Aletti. Milão: Libri Scheiwiller, 1990.
PARA 0 INGLÊS
- The Complete Poems of Elizabeth Bishop. Nova York: Farrar, Strauss & Giroux, 1969.


- Two parliaments and Poems. Tradução de Richard Spock. In Brazilian Painting and Poetry. Rio de Janeiro:Spala Editora, 1979.


- A Knife all Blade. Tradução de Kerry Shawn Keys. Pennsylvania: Pine Press, 1980.
PARA 0 HOLANDÊS
- Gedichen. Tradução de August Willlemsen. Leiden, Uitgeverij de Lantarn, 1981.
PARA O FRANCÊS
- Joan Miró. Tradução de Henri Moreu. Barcelona: Editions de l'Oc, 1950.

PREFÁCIOS

- Collor, Fernando, e Lafer, Celso. Prefácios a Poemas sevilhanos. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1992.


- Lewin, Willy. Prefácio a Pedra do sono, Recife: Edição do Autor, 1942.


- Lopes, Oscar. Prefácio a Poesia completa. Lisboa: Editora da Imprensa Nacional/Casa da Moeda,1986.


- Maranhão, Gustavo de Albuquerque. Prefácio a Poemas pernambucanos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,1988.


- Oliveira, Marly de. Prefácio a Museu de tudo e depois (Poesia completa II). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.


- Rodrigues, José Honório. Prefácio a O Brasil no Arquivo das Índias de Sevilha. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1966.


- Secchin, Antonio Carlos. Prefácio a Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. São Paulo: Global Editora, 1985.


- ___________. Prefácio a Primeiros poemas. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 1990.


- Torres, Alexandre Pinheiro. Prefácio a Poemas escolhidos. Lisboa: Portugália Editora, 1963.
LIVROS SOBRE O AUTOR
- Afonso, Antonio José Ferreira. João Cabral: uma teoria da luz. Braga: Faculdade de Filosofia,1993.


- Andrade, Eugênio de, et alii. O TUCA no Porto. Porto: Plano, 1966.


- Barbosa, João Alexandre. A imitação da forma. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1975.
- Bechara, Eli Nazareth. Cabral: dois momentos no tecer da manhã. São José do Rio Preto: Centro de Publicações, Ibilce, UNESP, 1991.


- Brasil, Assis. Manuel e João. Rio de Janeiro: lmago Editra, 1990.


- Cafezeiro, Alice F.L.A. A estrutura semântica em "Tecendo a Manhã", de João Cabral de Melo Neto. Petrópolis: Editora Vozes. 1966.


- Camlong, André. Le vocabulaire poétique de João Cabral de Melo Neto. Toulouse: Cahier nº. 1, Centre d'Étude Lexicologique, Université de Toulouse, 1978.


- Carone, Modesto. A poética do silêncio. São Paulo: Editora Perspectiva, 1979.


- Ciampa, Antônio da Costa. A estória do Severino e a história da Severina. São Paulo: Editora Brasiliense 1987.


- Crespo, Angel e Gómez Bedate, Pilar. Realidad y forma en la poesia de Cabral de Melo. Madri: Revista de Cultura Brasileña, 1964.


- Escorel, Lauro. A pedra e o rio. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973.


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- Morte e vida severina: um filme documento. Direção de Zelito Vianna, 1976.


- O mundo espanhol de João Cabral de Melo Neto. Produção e direção de Carlos Henrique Maranhão,1979.


- Morte e vida severina. Direção de Walter Avancini. TV Globo, 1981.


- O ovo de galinha. Recitado por Ney Latorraca. TV Globo, 1980.
DISCOCRAFIA
- Poesias - Murilo Mendes e João Cabral de Melo Neto. Lp 010. Festa, Discos Ltda., 1956.


- O Teatro da Universidade Católica de São Paulo apresenta Morte e vida severina. P. 932.900 L., Nancy, 1966.


- Morte e vida severina - Música de Chico Buarque de Holanda, Car 4002, Caritas.


- João Cabral de Melo Neto por ele mesmo. IG 79.029. Festa, Serie de Lux. s/d.


- Poemas de João Cabral de Meto Neto. 2 discos. Som Livre, 1982.


ÓPERA 

- Severino: Auto de Navidad - Música de Salvador Moreno.Ópera de Bellas Artes, México. 1966 (Apresentado antes no Teatro Lyceu de Barcelona).
Dados obtidos nos livros do autor, em "Obra Completa", organizada por Marly de Oliveira com assistência do autor e em sites da Internet.
 
Fonte: http://www.releituras.com/biografias.asp

Paulo Mendes Campos: um escritor cético e bem-humorado, que devassou a perplexidade humana em sua terna poesia e penetrante prosa.






A meu avô Cesário devo este horror pelos cães, o pescoço musculoso, o riso acima de minhas posses, o pressentimento de uma velhice turbulenta.
(...) A minha avó Margarida, a maneira leve de pisar e fechar portas.
A Minas Gerais, a minha sede, o jeito oblíquo e contraditório, os movimentos de bondade (todos), o hábito de andanças pela noite escura (da alma, naturalmente), a procrastinação interminável, como um negócio de cavalos à porta de uma venda."
                                              ("Meditações Imaginárias")


                   Por Armando Nogueira Júnior
 

Paulo Mendes Campos nasceu em 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte - MG, filho do médico e escritor Mário Mendes Campos e de D. Maria José de Lima Campos. Começou seus estudos na capital mineira, prosseguiu em Cachoeira do Campo (onde o padre professor de Português lhe vaticinou: "Você ainda será escritor") e terminou em São João del Rei.

Começou os estudos de Odontologia, Veterinária e Direito, não chegando a completá-los. Seu sonho de ser aviador também não se concretizou. Diploma mesmo, gostava de brincar, só teve o de datilógrafo. Muito moço ainda, ingressou na vida literária, como integrante da geração mineira a que pertence Fernando Sabino e pertenceram os já falecidos Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, João Ettiene Filho e Murilo Rubião. Em Belo Horizonte, dirigiu o suplemento literário da Folha de Minas e trabalhou na empresa de construção civil de um tio.

Foi para o Rio de Janeiro, em 1945, para conhecer o poeta Pablo Neruda, e por ali ficou. No Rio já se encontravam seus melhores amigos de Minas — Sabino, Otto, e Hélio Pellegrino. Passou a colaborar em O Jornal, Correio da Manhã (de que foi redator durante dois anos e meio) e Diário Carioca. Neste último, assinava a "Semana Literária" e, depois, a crônica diária "Primeiro Plano". Foi, durante muitos anos, um dos três cronistas efetivos da revista Manchete.

Admitido no IPASE, em 1947, como fiscal de obras, passou a redator daquele órgão e chegou a ser diretor da Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
Em 1951 lança seu primeiro livro, "A palavra escrita" (poemas).Casou-se, nesse mesmo ano, com Joan, de descendência inglesa, tendo tido dois filhos: Gabriela e Daniel.
Buscando meios de sustentar a família, Paulo Mendes Campos foi repórter e, algumas vezes, redator de publicidade.

Foi, também, hábil tradutor de poesia e prosa inglesa e francesa — entre outros Júlio Verne, Oscar Wilde, John Ruskin, Shakespeare, além de Neruda, tendo enriquecido sua experiência humana em viagens à Europa e à Ásia.

Em 1962, experimentou ácido lisérgico, acompanhado por um médico. Relatou sua experiência em artigos publicados na revista "Manchete", depois reproduzidas em "O colunista do morro" e em "Trinca de copas", seu último livro. Disse que a droga abriu "comportas" e ele se deixou invadir pelo "jorro caótico" do inconsciente até sentir o peso e a nitidez das palavras que produziam um "milagre da voz". E completava: "A comparação não presta, mas por um momento eu era uma espécie de São Francisco de Assis falando com o lobo. O lobo também sabe que amor com amor se paga".

Em 1967, em seu livro "Hora do Recreio", escreveu:

Autobiografia

1922 - Semana de Arte Moderna, revolta do Forte de Copacabana, morte do Papa, o rei entrega o poder a Mussolini. Nada tenho com tudo isso: simplesmente nasço.

1923 - Morre o Rui, Stalin assume a chefia do poder soviético, putch de Hitler em Munique. Eu nada disse, nada me foi perguntado.

1924 - Revolução em São Paulo, estado de sítio. Dou para quebrar minhas mamadeiras, após o ato de esvaziá-las. O califado turco entra pelo cano.

1925 - Começo a ver o diabo dançando em torno de meu berço; e gosto.

1928 - Carmona, presidente de Portugal; Hiro-Hito, imperador do Japão. Ganho um par de botinas e durmo abraçado a elas.

1927 - Com o nome de Charles Lindbergh, atravesso o Atlântico pilotando o Spirit of Saint Louis.

1928 - Antônio de Oliveira Salazar torna-se precocemente ministro das finanças portuguesas; perco na Rua Tupis uma prata de dois mil-réis.

1929 - Craque na bolsa de Nova Iorque. Pulo do bonde em movimento na rua da Bahia, esborracho-me no chão, um Ford último modelo consegue parar em cima de mim, e quase não fico para contar a história.

1930 - Revolução: mesmo com fratura dupla no braço, dou o melhor de mim ao lado das tropas rebeldes e, logo após, ao lado das tropas legalistas. Na caixa d'água da Serra leio 0 Barão de Münchausen.

1931 - A Inglaterra deixa o padrão ouro, Afonso XIII deixa o trono espanhol. Eu, Robinson Crusoé, naufrago no Pacífico, chego a uma ilha cheia de ilustrações coloridas e me torno amigo de Sexta-Feira.

1932 - Revolução de São Paulo. Luto na Mantiqueira, tremendo de frio e de coragem; não tenho muita certeza se morro ou não.

1933 - Morre dentro da banheira o Presidente Olegário Maciel. O Padre Coqueiro vem dizer que as aulas estão suspensas por motivo de luto nacional. Viva Olegário Maciel! Fujo da casa paterna, materna, fraterna, mochila nas costas, em busca dos índios de Mato Grosso; regresso ao atingir as terras da Mutuca, hoje subúrbio de Belo Horizonte.

1934 - Hitler é Führer do Reich; eu não sei se sou Winetou ou Mão de Ferro.

1935 - Mussolini ataca a Abissínia; ataco e defendo no time da divisão dos médios como centro-médio.

1936 - Morre George V, viva Eduardo VIII, que renuncia, sobe ao trono George VI. Ganho com alegria o bilhete azul do colégio.

1937 - O golpe do Estado Novo me pega de surpresa, quando subo as escadas da capela do outro colégio para a benção do Santíssimo e uma prática chatíssima de Frei Mário.

1938 - Os japoneses tomam Cantão; no Hotel Espanhol, São João del-Rei, os bacharelandos do Ginásio de Santo Antônio tomam vinho Gatão e recitam um ditirambo de Medeiros de Albuquerque (estava no florilégio do compêndio): "Bebe! e se ao cabo da noite escura, / Hora de crimes torpes, medonhos, / Varrer-te acaso da mente os sonhos, / Cerra os ouvidos à voz do povo! / Ergue teu cálice, bebe de novo!" Foi o que fizemos.

1939 - Começo a guerra.

1940 - Caio com a França.

1941 - Não sou mais eu: 1) sou como o rei de um país chuvoso; 2) sou uma nuvem de calças; 3) sou 350; 4) sou triste e impenetrável como um cisne de feltro. E assim por diante.

1942 - Atingido pelo mal do século (XVIII), mato-me no Parque Municipal. Meu nome é Werther.

1943 - Venço a batalha de Stalingrado.

1944 - Maquis.

1945 - Tomo o noturno mineiro e me mudo para o Rio, acabo com a ditadura.

1946 - 1955 – Yo era un tonto.

1956 - 1960 - Lo que hé visto me ha hecho dos tontos.

1961 - Subo no espaço sideral, dou uma volta em torno da Terra na primeira nave cósmica tripulada por um ser humano. Depois desço no Bico de Lacre, bar dos mentirosos e sonhadores, e digo: "O Mundo é azul.”

(Publicado no livro “Hora do Recreio”, Editora Sabiá/1967, pág. 07, relançado em 1976 com o título de “Rir é o Único Jeito (Supermercado)”, Editora Tecnoprint S.A. – Rio de Janeiro, pág. 11).

Cético, sem perder a ternura, jamais fez concessões e tinha horror à vulgaridade, fosse ela temática ou vernacular. A perplexidade humana é devassada em sua poesia; sua prosa é penetrante, algumas vezes cheia de bom humor.

Paulo Mendes Campos faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 1° de julho de 1991, aos 69 anos de idade.

Em 1999 foi homenageado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: tem seu nome uma pequena praça que fica no cruzamento das ruas Dias Ferreira, Humberto de Campos e General Venâncio Flores, no Leblon.
Um de seus livros, publicado pela Editora do Autor, teve esta apresentação, que bem define o escritor:

"Homem em quem o gosto das leituras requintadas e as orgias silenciosas do pensamento não estragaram ao prazer e a emoção dos encontros com o povo e com a vida de todo dia, Paulo Mendes Campos faz, na leveza de suas crônicas, páginas que vencem o efêmero pela sua qualidade literária e pela sua autêntica vibração humana".


Bibliografia:

A Palavra Escrita, poesia, Ed. Hipocampo - Rio de Janeiro, 1951

Forma e Expressão do Soneto, antologia, 1952

Testamento do Brasil, poesia, 1956

O Domingo Azul do Mar, poemas, Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1958

Páginas de Humor e Humorismo, antologia, ampliada e reeditada em 1965 sob o título Antologia Brasileira de Humorismo.

O Cego de Ipanema, crônicas, Ed. do Autor - Rio de Janeiro, 1960

Homenzinho na Ventania, crônicas, Ed.do Autor - Rio de Janeiro, 1962

O Colunista do Morro, crônicas, Ed. do Autor - Rio de Janeiro, 1965

Testamento do Brasil e Domingo Azul do Mar (poemas - edição conjunta), Ed. do Autor - Rio de Janeiro, 1966

Hora do Recreio, crônicas, Editora Sabiá- Rio de Janeiro, 1967

O Anjo Bêbado, crônicas, Ed. Sabiá - Rio de Janeiro, 1969

Trinca de Copas, 1984

Rir é o Único Jeito (Supermercado), Ed. Ediouro - Rio de Janeiro. (Reedição de Hora do Recreio, com novo título - livro de bolso).

O Amor Acaba - Crônicas Líricas e Existenciais - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1999.

Cisne de Feltro - Crônicas Autobiográficas - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

Alhos e Bugalhos - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

Brasil brasileiro — Crônicas do país, das cidades e do povo - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

Murais de Vinícius e outros perfis - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

O gol é necessário — Crônicas esportivas - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

Artigo indefinido - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

De um caderno cinzento — Apanhadas no chão - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.

Balé do pato e outras crônicas - Editora Ática - S. Paulo, 2003.

A volta ao mundo em 80 dias - Tradução e adaptação do livro de Julio Verne, Ediouro, 2004.

Quatro histórias de ladrão - Editora Agir, Rio de Janeiro, 2005.

Fonte: http://www.releituras.com/biografias.asp
 

WILLIAM SHAKESPEARE O MAIOR POETA DA LÍNGUA INGLESA VIVE INTENSAMENTE SUA INSPIRAÇÃO E OBRA



"Isto acima de tudo:vosso eu verdadeiro.
E a isto deve seguir, como a noite ao dia,
não deveis ser falsos para ninguém."



William Shakespeare nasceu em 23 de abril de 1564 em Stratford-Avon, Inglaterra, e teve uma infância rica, que gozou até os 12 anos. A partir de então, com a falência do pai, foi obrigado a trocar os estudos pelo trabalho árduo, passando a contribuir para o sustento da família. Guardava, entretanto, os conhecimentos adquiridos na escola elementar, na qual havia iniciado seus estudos de inglês, grego e latim. Além disso, continuou a ler autores clássicos, poemas, novelas e crônicas históricas.

Aos 18 anos casou-se com a rica Anna Hathaway, oito anos mais velha, com quem teve três filhos. Não se sabe ao certo o motivo pelo qual seguiu sozinho para Londres quando tinha 23 anos. Nessa cidade teve vários empregos, o mais significativo foi guardador de cavalos em um teatro. Algum tempo depois Shakespeare passou a copiar peças e representou alguns papéis. Mais tarde, virou sócio do teatro, depois de algum tempo tornou-se dono do lugar.

TEATRO

Atribui-se a William Shakespeare a autoria de 37 ou 38 peças, das quais destacam-se Antonio e Cleópatra, Rei Lear, Hamlet, Otelo, A Tempestade, A comédia dos erros, A Megera domada, Macbeth etc. 

POESIA

Shakespeare é autor também dos seguintes poemas:Vênus e Adônis, 1593; O rapto de Lucrécia, 1594 e 154 sonetos, publicados em 1609, que expressam, entre outras coisas, agitação e frustração.

Shakespeare morreu em 23/4/1616, ao que se diz, das conseqüências de um banquete com Samuel Johnson.

É impossível estabelecer as datas exatas das obras de Shakespeare, mas pode-se classificá-las em quatro grandes grupos, que representam os períodos de sua vida, da juventude à velhice. 

As obras do primeiro período são marcadas por sonhos juvenis e pelo espírito exuberante; O segundo período foi o das grandes crônicas e comédias românticas; Depressão e tristeza marcam o terceiro período. O motivo de ou a desilusão que levou o dramaturgo a sentir-se deprimido durante essa fase da vida, não se sabe ao certo. No quarto período a tempestade abrigada no espírito de Shakespeare parece ter se desvanecido.
Assim, o gênio William Shakespeare completa seu ciclo de vida sem diminuir seu poder poético e com um retorno quase divino ao seu apogeu na literatura universal.



Comédia
Bem Está o que bem acaba
As You Like It
A Comédia dos Erros
Cimbeline
Trabalhos de amor perdidos
Medida por Medida
As Alegres Comadres de Windsor
O Mercador de Veneza
Sonho de uma noite de verão
Muito barulho por nada
Péricles
Taming of the Shrew
A Tempestade
Trólio e Créssida
Noite de Reis
Os dois cavalheiros de Verona
Conto de Inverno

História
Henrique IV, parte 1
Henrique IV, parte 2
Henrique V
Henrique VI, parte 1
Henrique VI, parte 2
Henrique VI, parte 3
Henrique VIII
Vida e morte do Rei João
Ricardo II
Ricardo III

Tragédia
Antônio e Cleópatra
Coriolano
Hamlet
Júlio Cesar
Rei Lear
Macbeth
Otelo
Romeo e Julieta
Timão de Atenas
Tito Andrônico

Poesia
Os Sonetos
A Lover's Complaint
O Rapto de Lucrecia
Venus e Adônis
Funeral Elegy by W.S




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